quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Você decide: o que fazer na hora de assumir essa responsabilidade?

É hora de retomar algumas atividades, uma delas a escrita...mesmo que algumas postagens não sejam de minha autoria, mas vale a atividade mesmo assim...

Abraço!

Tomar decisões é algo que fazemos com frequência e muitas vezes sem nos darmos conta disso. Existe um grupo de decisões que poderíamos classificar como "triviais" (comuns, banais) que vão desde escolher a roupa pela manhã até optar por ir ou não ao cinema à noite, que se caracterizam por sua aparente irrelevância (pouca importância). O que define o sentimento de importância é o resultado que esperamos dessa decisão. Nos exemplos que mencionamos, as decisões poderiam adquirir maior importância em contextos excepcionais como uma reunião com o "board" da empresa ou a possibilidade de iniciar um romance. Nesses novos contextos, a escolha da roupa ou a decisão de ir ao cinema podem trazer consequências significativas.

Mas também existem decisões "críticas", aquelas que, desde o princípio, sabemos que terão grandes consequências em nossas vidas, como mudar de emprego, terminar um casamento, fazer um curso de pós-graduação, mudar de cidade, casar ou ter filhos. Nesses casos, costumamos dedicar mais atenção às opções e tentar imaginar o que vai acontecer em cada caso.
E talvez valha a pena considerar também aquelas decisões que não são muito importantes para nós, mas que podem impactar a vida de outras pessoas, como fazer uma doação para uma instituição de caridade, ser ríspido com a recepcionista de uma loja, deixar suja uma mesa de lanchonete ou ajudar uma pessoa em dificuldades.
Imagem: Thinkstock
No ambiente empresarial as coisas ocorrem de forma similar, com a diferença de que a maioria das pessoas tende a ser mais leviana nas decisões pessoais. No trabalho, a sensação de que precisaremos prestar conta de nossos atos está sempre presente, em maior ou menor grau. O ambiente costuma exercer forte influência sobre a maneira pela qual tomamos a decisão e esse "fator humano" nem sempre é considerado pelos gestores das empresas. Espera-se, no mundo dos negócios, que as pessoas tomem decisões racionais, objetivando o melhor resultado possível para a empresa.
Pense nas decisões que tomou na última semana em seu trabalho e avalie se foram puramente racionais e pautadas exclusivamente pelo resultado esperado para a empresa. Se você realizou o exercício proposto com razoável dose de honestidade, deve ter concluído que em boa parte das decisões você considerou outros fatores além do resultado para a empresa.
Pode haver decidido encobrir o erro de um colega, dar para um cliente simpático um desconto maior do que seria necessário, atrasar a entrega de um trabalho para não perder um compromisso pessoal, deixar de fazer alguma coisa que seria boa para a empresa simplesmente porque não foi solicitada e você não era sua "obrigação" ou, no sentido contrário, resolver problemas que não eram seus ou superar suas metas como forma de melhorar sua imagem profissional. Em todos os exemplos que mencionamos (e outros que só você conhece) as decisões foram afetadas por fatores pessoais e emocionais, que nem sempre cabem em modelos lógicos ou matemáticos aplicados a processos de decisão.
Mesmo em decisões mais relevantes como a do lançamento de um novo produto, a abertura de um novo mercado, o fechamento de uma unidade, para a qual as empresas mais organizadas elaboram planos de negócio consistentes, a atitude dos executivos diante do risco e outros fatores pessoais pode interferir na decisão ou na execução do projeto.
Existem fatores contextuais, alheios ao problema em si, que podem interferir no processo decisório. Aspectos culturais da organização estão entre os primeiros da lista. Há empresas onde o "erro" é punido de forma severa e, portanto, decisões que envolvam maior risco são evitadas. Há outras que privilegiam decisões consensuadas ou que, ao contrário, são extremamente hierarquizadas – em ambas, as opiniões pessoais têm forte influência no processo de decisão.
Questões pessoais (profissionais ou familiares) disputam o espaço de influência. As relações competitivas no trabalho, problemas de saúde, questões domésticas e a agenda pessoal, como exemplos, podem afetar a atenção ou a intenção do profissional.
Características psicológica ou sociais, competências e experiências individuais podem determinar a "zona de conforto" do profissional e também interferem em seu processo de decisão, porque podem influenciar o "peso" que damos aos fatores.
Alguns exemplos:
- indivíduos que sofreram perdas recentes e ainda não assimilaram essa perda podem aceitar riscos maiores do que aceitariam em condições normais para tentar recuperar o que perderam;
- indicar um resultado como a redução de uma perda pode ser menos atrativo do que defini-lo como um aumento do ativo (ter um desconto menor x receber um pagamento maior);
Esses dois exemplos são genéricos e tendem a afetar a maioria das pessoas.
Mas também devemos considerar que os indivíduos se comportam de forma diferente diante do risco, por características genéticas, culturais, familiares, educacionais ou situacionais.
Uma pessoa solteira e com grande respaldo financeiro pode ser mais ousada em suas decisões profissionais do que um chefe de família endividado que precisa do seu salário para sobreviver.
Personalidades empreendedoras dão maior atenção à possibilidade de ganho e costumam ignorar os riscos menores.
Personalidades conservadoras dão maior peso para o tamanho das perdas do que para as probabilidades de perder ou ganhar.
O estudo da influência do fator humano nos processos decisórios empresariais vem ganhando espaço no mundo acadêmico, mas pouco se fala sobre isso dentro das organizações, onde ainda se parte do princípio de que todas as decisões são tomadas (ou deveriam ser tomadas) a partir de critérios puramente racionais.
É um efeito dos resquícios "iluministas", suportados pelas escolas filosóficas contemporâneas que privilegiam as abordagens racionais e científicas, ignorando as emoções.
Os avanços da neurociência (a partir da segunda metade do século XX) e o crescente interesse pelo "resgate da espiritualidade" em suas mais diversas formas, incluindo as influências orientais, aproximam a ciência e os indivíduos a endereçarem um novo olhar sobre essa questão.
Mas a aceitação de que o "fator humano" irá interferir em todas as fases do processo e a avaliação e seleção de profissionais com perfil adequado à implementação das decisões seguem sendo pontos críticos para o sucesso da organização.

Fonte: www.administradores.com.br por Flávio Ferrari

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