segunda-feira, 18 de julho de 2011

Por que os brasileiros não reagem?

Recebi este texto esta semana de um amigo e resolvi publicá-lo. Primeiro por concordar com o texto, achei bastante interessante. Segundo, por ser eu um indignado com a roubalheira que acontece diante dos nossos olhos e nada fazemos. Mea culpa, afinal, sou mais um que não se revolta, que prefere manter a "política" da boa vizinhança a me indispor com algo que fere os direitos alheios. O texto é uma bela provocação.


* Texto de Juan Arias, correspondente do jornal espanhol EL PAÍS no Brasil
O fato de que em apenas seis meses de governo a presidente Dilma Rousseff tenha tido que afastar dois ministros importantes, herdados do gabinete de seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva (o da Casa Civil da Presidência, Antonio Palocci – uma espécie de primeiro-ministro – e o dos Transportes, Alfredo Nascimento), ambos caídos sob os escombros da corrupção política, tem feito sociólogos se perguntarem por que neste país, onde a impunidade dos políticos corruptos chegou a criar uma verdadeira cultura de que “todos são ladrões” e que “ninguém vai para a prisão”, não existe o fenômeno, hoje em moda no mundo, do movimento dos indignados.
Será que os brasileiros não sabem reagir à hipocrisia e à falta de ética de muitos dos que os governam? Não lhes importa que tantos políticos que os representam no governo, no Congresso, nos estados ou nos municípios sejam descarados salteadores do erário público? É o que se perguntam não poucos analistas e blogueiros políticos.
Nem sequer os jovens, trabalhadores ou estudantes, manifestaram até agora a mínima reação ante a corrupção daqueles que os governam.
Curiosamente, a mais irritada diante do saque às arcas do Estado parece ser a presidente Rousseff, que tem mostrado publicamente seu desgosto pelo “descontrole” atual em áreas do seu governo e tirou literalmente – diz-se que a purga ainda não acabou – dois ministros-chave, com o agravante de que eram herdados do seu antecessor, o popular ex-presidente Lula, que teria pedido que os mantivesse no seu governo.
A imprensa brasileira sugere que Rousseff começou – e o preço que terá que pagar será elevado – a se desfazer de uma certa “herança maldita” de hábitos de corrupção que vêm do passado. E as pessoas das ruas, por que não fazem eco ressuscitando também aqui o movimento dos indignados? Por que não se mobilizam as redes sociais?
O Brasil, que, motivado pela chamada marcha das Diretas Já (uma campanha política levada a cabo durante os anos 1984 e 1985, na qual se reivindicava o direito de eleger o presidente do país pelo voto direto), se lançou nas ruas contra a ditadura militar para pedir eleições, símbolo da democracia, e também o fez para obrigar o ex-presidente Fernando Collor de Mello (1990-1992) a deixar a Presidência da República, por causa das acusações de corrupção que pesavam sobre ele, hoje está mudo ante a corrupção.
As únicas causas capazes de levar às ruas até dois milhões de pessoas são a dos homossexuais, a dos seguidores das igrejas evangélicas na celebração a Jesus e a dos que pedem a liberalização da maconha.
Será que os jovens, especialmente, não têm motivos para exigir um Brasil não só mais rico a cada dia ou, pelo menos, menos pobre, mais desenvolvido, com maior força internacional, mas também um Brasil menos corrupto em suas esferas políticas, mais justo, menos desigual, onde um vereador não ganhe até dez vezes mais que um professor e um deputado cem vezes mais, ou onde um cidadão comum depois de 30 anos de trabalho se aposente com 650 reais (300 euros) e um funcionário público com até 30 mil reais (13 mil euros).
O Brasil será em breve a sexta potência econômica do mundo, mas segue atrás na desigualdade social, na defesa dos direitos humanos, onde a mulher ainda não tem o direito de abortar, o desemprego das pessoas de cor é de até 20%, frente a 6% dos brancos, e a polícia é uma das que mais matam no mundo.
Há quem atribua a apatia dos jovens em ser protagonistas de uma renovação ética no país ao fato de que uma propaganda bem articulada os teria convencido de que o Brasil é hoje invejado por meio mundo, e o é em outros aspectos. E que a retirada da pobreza de 30 milhões de cidadãos lhes teria feito acreditar que tudo vai bem, sem entender que um cidadão de classe média europeia equivale ainda hoje a um brasileiro rico.
Outros atribuem o fato à tese de que os brasileiros são gente pacífica, pouco dada aos protestos, que gostam de viver felizes com o muito ou o pouco que têm e que trabalham para viver em vez de viver para trabalhar.
Tudo isso também é certo, mas não explica que num mundo globalizado – onde hoje se conhece instantaneamente tudo o que ocorre no planeta, começando pelos movimentos de protesto de milhões de jovens que pedem democracia ou a acusam de estar degenerada – os brasileiros não lutem para que o país, além de enriquecer, seja também mais justo, menos corrupto, mais igualitário e menos violento em todos os níveis.
Este Brasil, com o qual os honestos sonham deixar como herança a seus filhos e que – também é certo – é ainda um país onde sua gente não perdeu o gosto de desfrutar o que possui, seria um lugar ainda melhor se surgisse um movimento de indignados capaz de limpá-lo das escórias de corrupção que abraçam hoje todas as esferas do poder.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O que te motiva?


Um dos maiores desafios que tenho enfrentado ao final de cada uma de minhas palestras, é o de comunicar ao público que “não basta sair dali motivado”. É preciso buscar a motivação constantemente. Explico que a motivação não é uma vacina que se toma e pronto! Se nada for feito, é quase certo de que na semana seguinte, o mesmo padrão de pensamento de antes da palestra volte a reinar, e com ele, as mesmas velhas atitudes. É preciso tomar consciência de que estar motivado requer esforço, exige que você tenha tomado a decisão de se comprometer consigo mesmo, com seus resultados e com a realização daquilo que quer para sua vida.
Talvez você já tenha assistido a algumas palestras, mas não sentiu uma mudança efetiva em sua vida. É por isso que resolvi escrever esse artigo, para dizer que a responsabilidade é sua. Mas calma, manter a chama acessa pode ser mais fácil do que você imagina. O novo livro do escritor Dan Pink – Motivação 3.0, fala sobre o que realmente motiva as pessoas. Ele destaca três pontos fundamentais, são eles; Autonomia, Maestria e Propósito.
Pesquisas recentes mostram que as pessoas ficam mais motivadas quando sentem que aquilo que estão fazendo, é o resultado de uma INICIATIVA própria. Não é de estranhar que a quantidade de empreendedores esteja aumentando cada vez mais no Brasil, e por outro lado há o aumento da desmotivação de equipes quando são lideradas por gerentes autoritários.  O segundo ponto diz respeito à maestria que só é conquistada com a repetição sistemática de ações que o levem a ser o melhor naquilo que faz. Buscar a MAESTRIA, portanto, motiva as pessoas. E por fim, ter um PROPÓSITO. Ter um propósito ou missão pessoal é o motor da motivação, e provavelmente é a palavra que mais se aproxima do sentimento de vibração e energia que as pessoas sentem quando tem a visão do que vieram fazer nesse mundo. Eu descobri que o que me mantém motivado é o fato de ter clareza a respeito da minha missão pessoal, que é inspirar as pessoas a se sentirem mais motivadas e dispostas a viver em alto desempenho, conseguindo assim melhores resultados em suas vidas e carreiras.
 Infelizmente a maioria das pessoas ainda está lutando para se manterem em seus empregos. Sem se importar se estão ou não realizando algo grandioso em suas vidas, contanto que o dinheiro entre na conta no começo de cada mês. O que fazer? Em primeiro lugar, você precisa, como disse no começo desse artigo, tomar a decisão de se comprometer, de mudar, de fazer melhor do que está fazendo hoje. Procure entender a visão e a missão da empresa que trabalha e descubra se estão alinhadas com seus valores pessoas. Descubra como pode gerar mais valor dentro da empresa.  Converse com seu chefe… Converse com as pessoas… Trabalhe para ser o melhor naquilo que faz, e finalmente, encontre um tempo em sua agenda para pensar a respeito do que realmente move você. Quais são seus gostos? O que você faria de graça e sem reclamar? Qual é a sua causa? Você tem uma? As respostas a essas perguntas podem levar você a uma nova maneira de enxergar aquilo que faz, e, como consequência disso, fazer com que você se sinta com mais energia e motivação para elevar seus resultados a outro nível.
Fonte: Texto de Fernando Oliveira retirado de www.fernandooliveira.com.br/blog 

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Liderança sustentável: não são apenas números

É a história clássica. Em um ano, o líder empresarial tem números excelentes para mostrar nos relatórios. Festas, comemorações, prêmios para os responsáveis. Acionistas com um sorriso de orelha a orelha e funcionários com bônus largo no fim do ano. Mas isso só dura naquele ano. Logo vem a crise global e todos, sem dó nem piedade, são afetados. Os resultados polpudos viram prejuízos em relatórios semestrais, os acionistas reclamam por uma atitude, os clientes não respeitam mais a sua marca e os funcionários iniciam uma evasão em massa. 
E aí, você está na gestão de um negócio importante. Como se prevenir em situações como esta? É possível garantir bons resultados sempre?
O que se deve ter em mente como primeira regra é: não estamos falando apenas sobre números. Agregue a palavra “sustentabilidade” à sua vida. Aquela mesmo, tão falada nos últimos tempos e que não tem só a ver com pensamentos ambientais. Vamos ao sentido da palavra. Sustentável vem de sustentação. É algo que se sustenta, se permite estar na mesma posição por muito tempo. Como se sua empresa estivesse em uma mesa com vários pés. Se um deles sair debaixo de você, a sustentação acaba e você cai.
Segundo o professor e headhunter Luiz Carlos Cabrera, o melhor conceito de desenvolvimento sustentável foi criado por Gro Harlem Bruntland, ex-ministra da Noruega, em 1987: “Desenvolvimento sustentável é suprir as necessidades da geração presente sem afetar as habilidades das gerações futuras de suprir as suas”. É bem essa a ideia mesmo. Não precisamos salvar o mundo ou partir para teorias mirabolantes que coloquem tudo em ordem em um passe de mágica. O fundamental é fazermos o melhor que pudermos, sem atrapalhar o desenvolvimento futuro, buscando, nas atividades diárias, o equilíbrio entre os aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais. Prover o melhor agora para as pessoas, o planeta e o meio ambiente, para que as próximas gerações possam fazer o mesmo.
O conceito de liderança sustentável está em voga hoje, mas é algo que deveria ser visto desde sempre. Ao mesmo tempo em que uma mesa não se sustenta sem um dos pés, uma empresa não fica de pé sem um de seus apoios. E não é só o lucro. Falamos de funcionários, fornecedores, clientes, acionistas, comunidade... Toda uma cadeia de pessoas e processos relacionados com as suas operações. Principalmente em tempos de crise, quando os lucros diminuem e o perigo de quebra pode ser iminente. E você, como líder, deve tomar as principais decisões que levarão (ou não) a sustentabilidade de sua empresa. Como bem apontou o professor do MIT Peter Senge no último Fórum Mundial de Liderança e Alta Performance: “Em um momento de crise, todo mundo fica esperando que alguém faça alguma coisa e, em geral, chamamos isso de liderança”. E quem vai se diferenciar é quem pensar na frente e liderar para o futuro.
Os períodos de crise são extremamente úteis para esta discussão, pois neste momento vem à tona os valores mais profundos de uma organização e o caminho para as decisões fica mais claro. Desse modo, enquanto a maioria das empresas amarga a retração, muitas, por outro lado, vão melhorar significativamente sua participação de mercado.
Ter uma liderança sustentável é pensar de várias maneiras com várias finalidades, mas com o foco em tornar o negócio sustentável de uma forma que ele não dependa mais ou menos de um dos “pés da mesa”.  A igualdade entre os pilares que a sustenta deve ser equilibrada e focada nos resultados, sem medo de tomar atitudes. Como bem lembrou Peter Senge: “Em estado de medo, nós concentramos nossa atenção automaticamente e, ao fazê-lo, a nossa consciência periférica, assim como nossa visão periférica, desaparece, e entramos num baixo estado de consciência. É a maneira de nos focarmos na ameaça.” Na opinião de Senge, muitas empresas estão aterrorizadas e, assim, estão reagindo sem pensar - ou não estão pensando mais perifericamente.
Por isso, este é o momento de agir com consciência e pensando nos pilares que o levantam. Tenha foco nos seus resultados, mas não deixe de pensar em ações socialmente corretas, tanto com o meio ambiente afetado pelos seus negócios quanto com as pessoas ao seu redor. Pegue os valores de sua empresa (e também os seus) e pratique ações culturalmente aceitas, zelando assim pelas coisas em que você acredita e sendo ético e sincero com a sociedade. Pense no impacto que você causa e discuta com fornecedores, acionistas e a comunidade que o cerca. Faça com que as pessoas que trabalham ao seu lado tenham um ciclo de vida profissional que seja interessante tanto para ela quanto para a empresa. E entenda que algumas coisas decididas não vão ter resultados imediatos, muitas coisa são trabalhos de longo prazo. Mas como lembramos lá no começo: isto não é apenas sobre números. É a busca de um equilíbrio ideal entre o que você tem como objetivos e o que esperam de você. Afinal de contas, a mesa precisa ficar de pé.
Podemos encerrar esse chamado à liderança sustentável com as dicas de Luiz Carlos Cabrera para que você atue como líder que pensa em sustentabilidade no dia-a-dia.
• Não seja superficial. Isso é perigoso. Não dê respostas “mais ou menos”. Não chute. Isso deixa marcas indeléveis. Se você não domina ou não conhece um assunto, é melhor dizer “não sei”.
• Quando estiver perseguindo objetivos, não perca o foco. Muitas vezes, não focamos o que é realmente importante, e acabamos fazendo muitas coisas ao mesmo tempo, dispersando a nossa energia. Reza uma lenda que um profissional foi contratado para drenar um pântano, em um espaço determinado de tempo. Como, ao iniciar o trabalho, deparou com jacarés que habitavam o pântano, passou a centrar esforços na eliminação dos jacarés. Conclusão: embora tenha conseguido aniquilar boa parte dos jacarés, ao final do prazo contratado, o profissional não conseguiu cumprir o objetivo para o qual havia sido chamado, que era drenar o pântano.
• Nunca desdenhe o trabalho e nem a educação. Desdenhar alguma coisa como uma tarefa, um projeto ou uma atividade, pode acarretar marcas negativas. Evite isso.
• Tenha um propósito na vida, abrace uma causa, viva uma vida que valha a pena ser contada e não adie as coisas. Você pode e deve exercer sua liderança de forma a se orgulhar dela e de tal modo que possa descrevê-la, na sua biografia, com orgulho.
Fonte: http://www.hsm.com.br/artigos/lideranca-sustentavel-nao-sao-apenas-numeros