sábado, 13 de junho de 2009

"Verde" mais caro?

Sustentabilidade“Verde” mais caro?Estudos mostram que consumidores conscientes estão dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis.
Inúmeras pesquisas mostram a disposição cada vez maior para pagar mais – ou ganhar menos – por bens de consumo ou locais de trabalho ambientalmente amigáveis, mas onde?
No estudo "Global Warming"s 6 Americas" (As 6 Américas do Aquecimento Global) os pesquisadores do Yale Project on Climate Change e da George Mason University Center for Climate Change Communication mostram que a aceitação antropogênica do Aquecimento Global varia, dividindo as pessoas em "Seis Américas." Os dados têm base em uma "mostra representativa" dos americanos, feita em meados de 2008.
O relatório é um esforço para identificar com mais precisão formas de comunicação com diferentes segmentos da população sobre as Mudanças Climáticas. Sabendo que a melhor maneira de comunicar-se é "conheça vossa audiência", este abrangente relatório identifica as informações demográficas dessas Seis Américas: Alarmados (18%), Conscientes (33%), Cautelosos (19%), Descompromissados (12%), Duvidosos (11%) e Opositores (7%).
Os ocupantes da categoria "Alarmados", ou os mais preocupados com as Mudanças Climáticas e os mais ativos em reduzir seus impactos, querem que "cidadãos, indústria e governo discutam a ameaça" da Mudança Climática. Essas pessoas seriam as mais propensas a adquirir produtos que tenham um impacto menos negativo ou mais positivo no Meio Ambiente e reduzam as Emissões de Gases do Efeito Estufa (GEEs). Esse grupo, segundo o estudo, também é mais inclinado a engajar-se em ativismos de consumo para encorajar as empresas a aumentar ações em Mudanças Climáticas.
Eles são os mais propensos a recompensar as empresas que façam ações nesse sentido, e a tomar medidas de eficiência energética em suas próprias casas ou "habitualmente envolvem-se em atividades conservacionistas," tais como ajustes ao termostato. Esse grupo demográfico é, provavelmente, o único alvo objetivado pelas campanhas de marketing, quando tentam vender seus produtos verdes.
E a última série de "pesquisas de consumo verde" mostra que: as pessoas estão dispostas a pagar mais por produtos verdes; desejam recompensar aquelas companhias que fazem “o bem” e punir as que fazem "o mal" ou são irresponsáveis; as empresas sabem que podem atingir retornos financeiros positivos se investirem em Responsabilidade Social Empresarial (RSE), mesmo que não estejam exatamente certas de como fazê-lo.
De acordo com uma pesquisa lançada pela ORC Guidelines, uma empresa que fornece "pesquisas customizadas", mais de metade de 1.000 entrevistados disse que a política ambiental de uma empresa influencia sua decisão de trabalhar nela. E três de cada quarto entrevistados disseram que é "importante ou muito importante que uma empresa promova ações para reduzir seu impacto ambiental."
Além disso, mais de três quartos dos entrevistados disseram ter adquirido um dispositivo Energy Star(TM) ou compraram alimentos produzidos localmente, de acordo com um press release da empresa. E 76% dos entrevistados disseram que preços mais altos não os impediriam de comprar um produto mais ambientalmente amigável.
Talvez, irônicamente, outra pesquisa da ORC Guideline "The U.S. Consumer in 2009: Retail" (O consumidor Americano em 2009: Varejo) observa um declínio nos últimos meses nos "produtos verdes ou orgânicos". Citando outra pesquisa da Mintel, uma empresa de marketing, o motivo é que os "consumidores estão reticentes a pagar mais pela categoria", e as pessoas comprariam mais se os produtos fossem mais baratos.
As companhias, por sua vez, desejam incorporar a RSE em seus negócios, sabendo que um investimento provavelmente trará retorno financeiro, mas a maioria delas não compreende completamente as expectativas de seus clientes nessa área, aponta uma pesquisa recente da IBM.
A companhia pesquisou 250 executivos em todo o mundo, e mostra que há três principais dinâmicas que as empresas deveriam compreender, a fim de implantar ações de RSE: o potencial de crescimento a despeito dos custos; ser transparente, não somente visíveis; e criar relações de comprometimento com seus consumidores.
O relatório cita a Marks & Spencer, uma companhia inglesa de varejo, como exemplo de como a RSE pode ser integrada em um negócio existente. A empresa ajudou a educar 16 milhões de consumidores sobre o impacto ambiental de seus produtos e, com a campanha "Behind the Label", ajudou a tornar sustentáveis seus fornecedores, ao promover a produção de biogás de pequenos produtores, e a promover reciclagem de roupas por meio de uma parceria com a Oxfam, mostra o estudo.
Outra pesquisa da BBMG, uma empresa de marketing que promove o consumo consciente, mostra no relatório "Redefining Value in a New Economy" (Redefinir Valor numa Nova Economia) que a maior parte dos entrevistados paga pelo verde e tenta convencer outros a fazer o mesmo. Noutra pesquisa com 2.000 adultos, mais de três quartos dos entrevistados afirmaram acreditar que compras socialmente responsávei "podem fazer uma diferença positiva." Além disso, 72% dos entrevistados disseram punir empresas evitando a compra de produtos "de empresas das quais desaprovavam as práticas."
Enquanto os departamentos de marketing empolgam-se ao ouvir que novas pesquisas mostram que as pessoas estão cada vez mais interessadas em sustentabilidade – mesmo em recessão – alguns especialistas dizem que as vendas atuais geralmente falham em entregar aos consumidores o que prometem.
Como o diretor executivo da Greenbiz, Joel Makower, aponta em seu blog, "Muitas dessas pesquisas perdem a força quando examinadas mais atentamente – ou seja, quando você lê além do título e dos primeiros parágrafos do press release ou da apresentação executiva."
Na verdade, pode ser difícil ir além dos press releases. Para ler a pesquisa da BBMG na íntegra, o leitor precisará desembolsar quase US$ 2.500. E a pesquisa da IBM, embora forneça informações relevantes para empresários, não é tão interessante assim para o consumidor comum.
É difícil conciliar a distância entre o que as empresas de marketing dizem ser o desejo do consumidor e o que as pessoas estão verdadeiramente comprando. E, como pergunta Makower em um artigo anterior, os consumidores estão dizendo aos pesquisadores somente o que desejam ouvir? Os profissionais do marketing tentam aplicar o greenwash ou talvez criam uma profecia que corresponda aos seus intuitos? Onde estão os dados que mostram que os consumidores desejam abster-se de despesas de curto-prazo por ganhos no longo-prazo que beneficiem a saúde, eficiência e o meio ambiente? Ainda estamos esperando.


Por Equipe Agenda SustentávelHSM Online10/06/2009

terça-feira, 2 de junho de 2009

Regulamentação da Profissão sai da pauta no Congresso

Por Guilherme Neto, do Mundo do Marketingguilherme@mundodomarketing.com.br
O projeto que visa regulamentar a profissão de Marketing no Brasil foi retirado de pauta na última quarta-feira. O procedimento foi requerido pelos deputados Filipe Pereira (PSC-RJ), relator do projeto, e Thelma de Oliveira (PSDB-MT), para que o projeto pudesse sofrer alterações. Antes disso, o PL 1226/2007, de autoria do deputado Eduardo Gomes, do PSDB-TO, já havia recebido um pedido de vista da deputada Andreia Zito (PSDB-RJ), o que significa que o processo não poderia ser votado na Câmara mesmo que entrasse em discussão.
Segundo Paulo Silva, assessor parlamentar da deputada Andreia Zito, a assinatura da deputada Thelma de Oliveira foi para atender um pedido do partido, já que Andreia Zito teria se atrasado para a sessão no plenário. De acordo com Silva, o pedido de retirada de pauta se dá por conta da necessidade de alterações no projeto.
“A deputada Andreia Zito já havia conversado com o relator sobre isso, quando eles decidiram retirar o projeto de pauta para que as modificações pudessem ser feitas”, explica Silva em entrevista ao Mundo do Marketing. Procurado por mais de 10 vezes durante os últimos dias para confirmar a informação e detalhar as mudanças no projeto, o deputado Filipe Pereira não respondeu a nenhum contato pelo Mundo do Marketing.
Um parecer do relator já havia tirado do projeto a criação do Conselho Federal e de Conselho Regional de Marketing, alegando inconstitucionalidade e que a iniciativa para a abertura desses órgãos caberia ao Poder Executivo, e não aos parlamentares.
Projeto tramita no Congresso desde 2005A discussão sobre a regulamentação da profissão de Marketing começou em 2005, quando o então deputado Eduardo Paes, atual prefeito do Rio de Janeiro, propôs um primeiro projeto, que foi retomado pelo deputado Eduardo Gomes cinco meses depois do arquivamento do processo por conta do fim do mandato de Paes na Câmara (no fim de 2007).
Na época, o projeto foi criticado por confundir a profissão de Marketing com a de Publicidade e chegou a ter um texto duplicado em tramitação no Congresso por conta do requerimento do desarquivamento do projeto de Paes feito pelo deputado Wellington Roberto (PR-PB) em agosto de 2007, o que já havia sido feito por Eduardo Gomes.
No mês seguinte, o deputado Felipe Bornier (PHS/RJ) apresentou o novo projeto 1944/07 que, apensado ao PL 1226/07, anularia o projeto de Eduardo Gomes. O novo texto toca em um ponto polêmico ao considerar profissional de marketing apenas quem possuir diploma em ensino superior, de graduação ou de Bacharel em Marketing, reconhecido e aprovado pelo Ministério da Educação, possuir diploma de Pós-graduação lato-sensu em Marketing ou ainda comprovar experiência mínima de sete anos na profissão.
Um novo parecer do relator Filipe Pereira pediu então a rejeição do projeto 1226/07 e a aprovação do PL 1944/07. Depois do recente pedido de vista e da retirada do projeto de pauta, é possível que volte à pauta depois de modificado, para então ser discutido no Congresso.
E-mail: guilherme@mundodomarketing.com.br-->-->
Mundo do Marketing: Publicado em 02/06/2009